segunda-feira, 1 de abril de 2019

Quem é Inês?

                 Ela se chamava Inês Etienne Romeu.

Tatiane Soares, exercício, março 2019  


Eu e Tatiane, personagens título  
Trouxe as dolorosas similaridades dos encarceramentos do século XVIII com o regime ditatorial brasileiro, quando através dos trabalhos da Comissão da Verdade consegui chegar aos links com relatos dos atos violentos a que foram submetidas. Como arquétipo do período separei a única sobrevivente da Casa da Morte, centro de tortura clandestino da ditadura. Inês foi detida em São Paulo, sob a acusação de participar do sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher, ocorrido meses antes no Rio de Janeiro, capturada por uma equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury. 
Durante os 96 dias em que esteve presa, Inês foi torturada, humilhada e estuprada, com três tentativas de suicídio durante o cárcere. Só foi libertada quando fingiu concordar com dois de seus algozes para trabalhar como infiltrada para o Centro de Informações do Exército. Libertada, doente, foi jogada na casa de uma irmã, em Belo Horizonte, sendo levada pela família a um hospital, onde sua prisão foi oficializada. Condenada à prisão perpétua, ficou presa até 1979, quando tornou público todo seu martírio.
Nesta semana o livro passou pela criteriosa revisão da escritora e mediadora Talita Guimarães, que além do trabalho me presenteou com crítica sobre “Quitéria & Inês”, e compartilho com vocês, pois é fortalecedor para que novas dramaturgias surjam.   
                    
 ‘Parabéns pelo belo e forte trabalho, que exigiu muita coragem e disposição para ir fundo nas pesquisas e ser capaz de transformar em uma voz artística tão potente e necessária, que não só evoca a força de todas as mulheres massacradas ao longo da história, como as mantém presentes nessa luta diária por justiça e humanidade que temos travado. Tanto a pesquisa quanto o roteiro do espetáculo me comoveram muito pelo resgate histórico, que reflete o compromisso com a batalha contra o esquecimento e apagamento, trabalho que quando a arte executa tão bem como a que você produz, conversa exatamente com o nosso lugar sensível que aprende a transformar essas realidades.’

Um comentário:

  1. Muito importante divulgar este trabalho , principalmente, neste momento de absurdos em que estamos vivendo!

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