Nesta vida persisto como uma virose dançante. E ainda
consigo forçar entendimentos para serem pensados. Por exemplo, quando trabalhei
com Julia Varley, mestra maior do teatro antropológico, percebi sua briga pelo
lugar feminino da dramaturgia, e comprei a briga. Basta observar na ilha onde
escolhi viver até agora (períodos obscuros nos aguardam...)
Para sobreviver faço parcerias com quem aceita. Passe os
olhos em nossa trajetória e vai encontrar artistas de variadas procedências e
vivências. No próximo mês retornaremos ao LABORARTE, passos iniciais dados em
1977 quando estive na fundação, e agora pelas mãos de Rosa Reis e suas filhas
multiculturais.
No final dos anos 1990 fechei a Oficina do Corpo e corri
mundos. De lá para cá trabalho em periferias. Quando a Oficina foi fechada
coreografamos Vladimir Maiakovski para dizer como necessariamente todo dia o
sol se levanta, e com Gregório de Matos montei o trabalho Espirais, 2004, considerando a cena para discussão dos problemas
coletivos.
A tristeza em perceber atitudes de fuga, apatia, desmonte.
Sem forças contra o poder do capital, que nos tornou um país dependente,
leiloado, destruído, espoliado.
Na atualidade perseveramos vendo o martírio das culturas que
salvam. O imaginário das crianças preservados, sem lamentações. Se somos
embragadas hoje, amanhã se dança nua; se põe tarja se coreografa de novo. A
cena para além da representação.
Minha compaixão irada vai quem produz mediocridades.
Mulher bárbara é o nosso tempo que se abate sobre nós, na
trilha de Christa Wolf, e sou uma. Porque virão outras depois de nós...
Janela Cultural bloco
1
https://www.youtube.com/watch?v=J0-iGaJSABA&t=41s
Janela Cultural bloco
2
https://www.youtube.com/watch?v=mR0RbAlDxK8&feature=youtu.be
Em agosto deste ano jupiteriano, como boa leonina, ganhei
esta conversa registrada pela Universidade FM, a rádio que toca a nós
todas.
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